Passat GTI um sonho possível

Passat GTI um sonho possível

9 de outubro de 2019 3 Por William Lima

Em 2019 completam-se 30 anos do primeiro carro com injeção eletrônica no Brasil, o Gol GTi e também completam-se os 30 anos de encerramento da produção do Passat, com seu último modelo GTS Pointer. Mas não tivemos a sorte de ter em linha o Passat GTI.

O Passat chegou ao Brasil em 1974, trazido pela Volkswagen e inaugurou um mercado de automóveis da marca com motores refrigerados a água. Desde sua chegada no início dos anos 1970, ele foi um sucesso de vendas e de fãs. Baseado no Audi 80, recém lançado no mercado Europeu, ele mantinha algumas linhas similares ao modelo da Audi, mas carregava em seu design o estilo de Giorgetto Giugiaro.

Assim, o carro possuía identidade própria dando vida a uma linha de modelos descendentes do primeiro Passat L, duas portas com motor 1.5 e potência de 65c v. Pouco para os padrões atuais, mas econômico naquele período de crise do petróleo. Os modelos seguintes, com motor 1.6 e 80 cv, dos modelos LM e LS, também chegaram a ter respeito no mercado, mas em 1976, com a chegada do modelo TS, o primeiro esportivo do modelo no Brasil, se daria o grande salto de esportividade para a família Passat.

Passat LS
Foto: imagem da web

Do lançamento ao sucesso

Em 1977 a Volkswagen na Alemanha já contava com modelos de veículos dotados de Injeção Eletrônica e aqui no Brasil, ainda engatinhávamos com o programa Pró-Álcool, encabeçado pelo governo militar, na busca de um substituto para a gasolina, para diminuir a dependência do petróleo internacional – vale lembrar que o Brasil passou a ser auto-suficiente de petróleo bruto apenas em 2006 – além de atrasados em produtos tecnológicos, vivíamos um momento de reserva de mercado, em que produtos de alta tecnologia não entravam no mercado nacional, para não termos uma concorrência sem produto similar no Brasil.

A Volswagen na Alemanha preferiu seguir o sucesso de um modelo similar, o Golf GTI, e foi um dos poucos carros pequenos que ultrapassavam os 0 a 100 km/h em menos de 14 segundos, sendo apelidado de Pocket Rocket (Foguete de Bolso).

De olho nisso, a Volks pediu a equipe de engenharia que desenvolvesse um modelo do Passat com a sigla GTI (Gran Turism Injection) usando elementos do Golf GTI e do Scirocco, outro modelo hatch da VW na europa, aplicados ao Passat na busca de um novo modelo esportivo para aquele mercado. O Passat GTI, que jamais entrou em produção no país europeu, mas inspirou a Volkswagen brasileira a usar seu tom de azul no Voyage Los Angeles em 1984.

Curiosamente com o avanço da tecnologia e da consequente abertura de mercado proporcionada pelos anos 1980 e também pela mudança no governo brasileiro naquela década, a indústria se viu obrigada a desenvolver rapidamente uma tecnologia que pudesse acompanhar os novos tempos de baixas emissões de poluentes, baixo consumo e altar performance, nasceu ai o Gol GTi em 1988, apresentado no salão do automóvel daquele ano, que já tratamos aqui em outra matéria. Confira aqui.

Gol GTi Azul Mônaco restaurado pelo Studio By Deni
Foto: William Lima

A lenda GTI

No mesmo ano o Passat chegava ao fim de sua produção e muitos foram os boatos que a Volkswagen teria uma versão deste, nos moldes do Gol GTi 2.0, mas que a resistência do Marketing da VW era grande, para lançar dois produtos quase no mesmo segmento de mercado. Assim, isso nunca passou de um boato, mas de certo ficou a curiosidade de termos um modelo com injeção para o mercado nacional do Passat.

Coincidência ou não, no ano de 1989 a mesma VW, que se recusara lançar o Passat com injeção, lança o Santana EX (Executivo) sua versão mais luxuosa do modelo, dotada de injeção eletrônica herdada do Gol GTi 2.0 –apenas para relembrar, o Santana brasileiro era a versão B2 do Passat na Europa – assim a VW tinha dois produtos no mercado nacional, com objetivos e públicos diferentes, um esportivo dotado de 120 cv (potência declarada pela VW) e um carro de luxo com 125 cv.

Santana EX
Foto: Imagem de divulgação

Um carro com alma nova

Hoje muitos donos de Passat conseguem fazer a troca de seus clássicos carburadores 2E, 2E7, LTZ e etc, por sistemas de injeção eletrônica, seja adotados de outros modelos VW ou mesmo sistemas próprios, como a Fueltech, talvez uma das mais difundidas no mercado, pela facilidade de ajustes, peças e profissionais especializados. O ponto positivo dessas injeções eletrônicas é que o consumo e a manutenção dos sistemas são muito menores em detrimento dos carburadores clássicos.

O mais triste é que não tivemos esse modelo no mercado brasileiro, mas suas fotos mostram que seria um modelo muito interessante, pela esportividade, tecnologia e um carro muito agradável de se guiar, baseado no projeto já vencedor do Passat.

O único modelo existente do Passat GTI encontra-se no museu da Volkswagen em Wolfsburg, confira algumas imagens no vídeo disponível no youtube.

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